Antonio Adolfo: O Mestre do Jazz Brasileiro e Sua Homenagem a Cole Porter

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Antonio Adolfo é reconhecido internacionalmente como um mestre do jazz brasileiro. Com uma discografia que se estende por mais de 60 anos, ele lançou 25 álbuns como líder. Este prolífico artista de gravação, pianista e compositor, foi indicado a vários prêmios Grammy Latino e Grammy, e muitas de suas mais de 200 composições foram gravadas por artistas como Sergio Mendes, Earl Klugh, Herb Alpert, Stevie Wonder e Dionne Warwick.

Nos últimos anos, suas gravações têm se concentrado em homenagear músicos brasileiros específicos ou estilos de música. Ele lançou “BruMa: Celebrating Milton Nascimento” em 2020, “Jobim Forever” em 2021, e “Bossa 65: Celebrating Carlos Lyra and Roberto Menescal” em 2023. No entanto, Adolfo não é apenas um músico brasileiro ou latino. Suas harmonias jazzísticas complexas revelam a influência que o jazz americano teve em seu estilo de tocar e arranjar.

Bossa Nova e a Influência dos Compositores da Broadway

A bossa nova nasceu há mais de 65 anos em encontros musicais no bairro de Copacabana, no Rio de Janeiro. A música dos grandes compositores da Broadway, como George Gershwin e Leonard Bernstein, teve um grande impacto nos jovens músicos que criaram um novo estilo musical que logo se espalharia pelo mundo. O mais recente lançamento de Adolfo, “LOVE COLE PORTER”, é uma homenagem ao amado compositor americano, que está entre seus favoritos. Adolfo diz: “A música desse gênio foi imortalizada por meio de suas melodias, letras, harmonias e fraseados únicos.”

Colaborações de Peso

Juntando-se a Adolfo estão músicos brasileiros experientes que participaram de várias de suas gravações recentes. A reputação de cada um desses músicos se estende muito além de sua terra natal. Eles são Lula Galvão (guitarra), Jorge Helder (baixo), Rafael Barata (bateria), Dada Costa e Rafael Barata (percussão), Jesse Sadoc (trompete, flugelhorn), Danilo Sinna (sax alto), Marcelo Martins (sax tenor e soprano, flauta) e Rafael Rocha (trombone).

Adolfo escolheu as canções para “LOVE COLE PORTER” não apenas pela sua beleza, mas também porque se adaptam muito bem ao idioma do jazz brasileiro. Ele vem apresentando várias dessas músicas em shows com diferentes formações, e até gravou algumas delas em álbuns anteriores. Para este álbum, ele reconcebeu todas as composições previamente gravadas para uma configuração de noneto e adicionou novas ao seu repertório.

Explorando Estilos Brasileiros

Há mais no jazz brasileiro do que samba e bossa nova. Existe também uma miríade de outros estilos, como toada, ijexá, frevo, quadrilha, partido alto, entre outros, que não são bem representados no jazz brasileiro. Adolfo explica: “Comecei experimentando diferentes músicas de Cole Porter no piano, testando diferentes estilos de música brasileira. Demorou um pouco para trazê-las para o meu mundo musical e ideias.”

Adolfo abre o álbum com “Easy to Love”, uma música que ele já havia gravado anteriormente. O arranjo reflete o estilo do samba jazz dos anos 1960, tocado pelos músicos na época áurea do Beco das Garrafas, em Copacabana. Para Adolfo, “Ev’ry Time We Say Goodbye” é uma das melodias mais bonitas, românticas e inspiradas de Porter. Em uma bossa lenta, a faixa apresenta solos inspirados de Sadoc e Galvão, além de vocais de fundo de Adolfo. Jobim adorava “I Concentrate on You” e a incluiu no álbum que gravou com Frank Sinatra. Adolfo arranjou esta canção com um toque similar de bossa, apresentando belos solos de Rocha e Martins na flauta.

“I Love You” é uma canção popular frequentemente interpretada por músicos de jazz. Adolfo comenta: “A melodia é tão bem construída que me inspirou a escrever um intermezzo em 6/4 combinando-a com um samba jazz de tempo médio. O primeiro refrão inclui um solo de trompete acompanhado pelo baixo antes de todo o grupo entrar.”

“I’ve Got You Under My Skin” é uma mistura de dois estilos brasileiros, toada (um baião romântico) e bossa. A banda interpreta “Just One of Those Things” em um frevo e quadrilha de tempo rápido, dois estilos de dança originários do nordeste brasileiro. Adolfo arranjou “Love for Sale” como um ijexá, um estilo do estado da Bahia. Adolfo também misturou grooves de samba e samba-funk.

“Night and Day” é uma das composições mais famosas de Porter. Adolfo retrabalhou a harmonia, fraseado e melodia, mudando a forma de AAB para AB. Ele baseou o arranjo de “So in Love” em um arranjo que escreveu para a cantora Carol Saboya há algum tempo, capturando o romance da música com uma bossa de tempo lento.

O álbum fecha com uma rendição alegre de “You Do Something to Me” com solos de Sinna no sax alto e Rocha. Adolfo diz: “Fechamos esta música com alguns elementos de Carnaval na coda. As pessoas dizem que no Brasil tudo acaba em Carnaval. E talvez seja verdade!”

Embora a música de Cole Porter tenha sido interpretada e gravada por centenas de músicos ao longo dos anos, as lindas rearmonizações de Adolfo e a esplêndida musicalidade de toda a banda fazem de “LOVE COLE PORTER” uma adição impressionante tanto ao repertório de Cole Porter quanto à extensa discografia de Adolfo.

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