A plataforma de streaming de música Deezer, sediada na França, está passando por mudanças significativas em sua abordagem para garantir uma experiência de usuário de alta qualidade. O CEO em breve aposentado, Jeronimo Folgueira, há muito vem levantando o alarme sobre o conteúdo de baixa qualidade que invade os serviços de streaming de música, degradando a experiência do usuário e diluindo o dinheiro ganho por artistas legítimos.
Em uma chamada de ganhos em março de 2023, Folgueira expressou preocupação com a quantidade crescente de conteúdo sendo carregada na plataforma da Deezer, destacando a presença de conteúdo duplicado e até mesmo de conteúdo que nem mesmo é música. Ele advertiu que o excesso de conteúdo inútil estava afetando negativamente a experiência do usuário. Com a chegada da música gerada por inteligência artificial (IA), Folgueira temia que o problema se agravasse ainda mais.
No entanto, a Deezer estava “trabalhando nisso”, como confirmado pela remoção de mais de 26 milhões de faixas nos meses seguintes ao lançamento de seu sistema de pagamento centrado no artista, aprovado pelo Universal Music Group, em setembro de 2023.
Folgueira explicou que a remoção visava limpar a plataforma, focando em faixas valiosas para os usuários e aumentando a participação de mercado para todos os artistas que criam essa música. Entre as faixas removidas estavam ruídos, álbuns de faixa única e faixas de artistas falsos, além de faixas que não foram ouvidas nos últimos 12 meses.
A preocupação de Folgueira com o conteúdo gerado por IA foi amenizada em parte durante uma chamada posterior de ganhos, quando ele observou que a quantidade desse tipo de conteúdo era menor do que o esperado. No entanto, a empresa continuava a lidar com um grande volume de faixas carregadas diariamente.
A mudança para um modelo de pagamento centrado no artista foi uma resposta parcial ao problema das faixas de baixa qualidade na plataforma. Sob esse modelo, artistas profissionais que atendiam a certos critérios recebiam um impulso duplo nos pagamentos de royalties. Além disso, a Deezer aplicava um “impulso duplo” para faixas de artistas que os fãs buscavam ativamente, reduzindo a influência econômica da programação algorítmica.
A iniciativa da Deezer foi seguida pela adesão da Warner Music Group ao modelo centrado no artista. O Spotify também demonstrou estar caminhando para um modelo semelhante, exigindo um número mínimo de reproduções para que as faixas se qualifiquem para pagamentos de royalties.
Dados recentes da Luminate mostram que a grande maioria das músicas nas plataformas de streaming recebe 1.000 ou menos reproduções, com milhões de faixas não recebendo nenhuma reprodução. Essas estatísticas destacam a importância de manter “o toque humano” na seleção de músicas, priorizando aquelas criadas por artistas reais.
O legado de Folgueira na Deezer será seguido por Stu Bergen, ex-CEO da Warner Music, que assumirá o cargo de CEO interino a partir de abril. Essas mudanças refletem os esforços contínuos das plataformas de streaming de música para garantir que os ouvintes desfrutem de conteúdo de alta qualidade e que os artistas sejam justamente recompensados por seu trabalho.
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